Descarregue aqui o PEQ 2 - Percurso Equestre Lanheses- Montaria (Serra de Arga).
23-10-2018 kmz 11 KB Descarregar
Percursos
13km
Média
Partindo desde a margem direita do rio Lima, junto ao cais onde outrora acostavam as embarcações vindas do “lugar da passagem”, estabelecendo a ligação entre Moreira de Geraz do Lima e Lanheses, este percurso equestre realiza a subida da vertente meridional da Serra de Arga, em direção à aldeia serrana da Montaria.
A paisagem agrária tradicional da extensa veiga de Lanheses altera-se à medida que penetramos através do vale do Ribeiro de rio Tinto e da depressão agricultada onde se encontra encaixado o rio Seixo, atravessando as freguesias de Meixedo e Vilar de Murteda.
As extensas parcelas de culturas de regadio bordejadas pela vinha que dominam visualmente a planície aluvionar do rio Lima dão gradualmente lugar a uma paisagem agro-silvo-pastoril mais compartimentada e diversa.
Este trilho aproveita um corredor natural de travessia da Serra de Arga, que pode ser considerado uma portela, coincidente com um alinhamento tectónico de orientação ENE-SSW.
Ao longo desta pequena rota, com aproximadamente 13 km, os contrastes paisagísticos são notórios, refletindo a adaptação humana a condições ambientais díspares. Se as áreas aplanadas de fundo de vale acolhem um modelo de povoamento disperso, onde apenas sobressaem núcleos de maior importância histórica, como é o caso de Lanheses, à medida que ascendemos em altitude, modifica-se o movimento do relevo, influenciando a aglomeração dos núcleos rurais e os sistemas produtivos.
Embora muitos dos vestígios arqueológicos documentados na proximidade deste percurso não se encontrem visíveis ou visitáveis in loco, encontramo-nos num território densamente ocupado desde a proto-história, em virtude da relevância dos recursos minerais aqui existentes.
Em Lanheses, Vila Mou e Meixedo foram identificados indícios de atividade mineira que remontam à Idade do Ferro e diversas minas romanas das quais citamos pela sua importância Bouça do Moisés, Cobalta (topónimo que a população local designa por Cova Alta), Rasas e Olas.
Os vestígios do povoado romano do sítio das Olas, onde foram encontrados fragmentos de cerâmica romana tardia, estão muito provavelmente relacionados com a grande exploração de minério de estanho que aí se desenvolveu. Ola seria então a “cidade dos mouros” referida na tradição oral local.
Em Vila Mou encontra-se documentada a existência de um povoado proto-histórico de baixa altitude, implantado numa pequena elevação com pouco mais de 50 metros de altitude, na margem direita do Ribeiro de Rio Tinto. Este povoado da Idade do Ferro foi ocupado durante o Alto Império, dando lugar a uma cividade de grande importância regional, cuja continuidade na época suevo-visigótica e medieval se encontra comprovada. Na proximidade da atual Igreja Paroquial foram ainda identificados vestígios que indiciam a existência de uma villa romana. De Vila Mou até ao Rio Lima existem vestígios de uma calçada do mesmo período.
No sector terminal dos rios Seixo e ribeiro de Rio Tinto surge o importante Campo Mineiro de Meixedo e Vila Mou, ondem foram concessionadas mais de três dezenas de minas com exploração aluvionar, em laboração por diferentes períodos ao longo do século XX, até à década de 80, onde eram explorados principalmente tungsténio, estanho e ferro.
É provável que nos locais onde entre os anos 20 e 50 do século XX existiram jazidas que exploraram filões aplito-pegmatíticos graníticos, mineralizados principalmente pela cassiterite, tenham existido explorações romanas, tanto a céu aberto como subterrâneas como nos indicia alguma da toponímia local, especificamente em Meixedo, onde os lugares “Mata das Cortas” e “Vale Covas”, que evidenciam a antiguidade das explorações primitivas. No entanto, os vestígios mais antigos terão sido mobilizados e danificados pela intensa atividade extrativa do século passado.
Progredindo para montante, a meia vertente da margem direita do rio de Areeiro, afluente do rio Seixo, no lugar de Balteiro, em 1877, foi encontrada uma coleção apreciável de moedas romanas, constituído por 102 moedas em excelente estado de conservação, adquiridas e transacionadas por privados. Este achado terá necessariamente de ser explicado pelo desenvolvimento da indústria mineira na área envolvente, a única capaz de proporcionar nesta altura uma tão avultada concentração de riqueza. A cronologia das moedas está de acordo com a tese mais corrente de que a mineração romana do NW de Portugal começou nos finais do século I a.C. e se prolongou até ao início da época da decadência de Roma.
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